sábado, 31 de março de 2012

Páscoa na escola


Nada tenho contra coelhinhos de olhos vermelhos de pêlo branquinho e ovos de chocolate (especialmente os trufados), mas tem gente comprando gato por lebre, ou melhor, lebre por cordeiro.

Recentemente um jornal do Grande ABC noticiou que uma professora evangélica estava usando 20 minutos de suas aulas para ler a Bíblia e pregar o evangelho. Se, e somente se, ela realmente vinha fazendo isso está totalmente errada. A educação é laica. Mesmo colégios de origem religiosa devem se manter neutros no que diz respeito a religiosidade de seus alunos. Pode haver, sim, reuniões religiosas numa escola, desde que os participantes não sejam forçados a comparecer, que seja fora do horário de aula e seja aberto a toda e qualquer denominação, como acontece no Programa Escola da Família, onde grupos religiosos (de qualquer origem) reservam horários e salas para fazer reuniões e ensaios. Porém, em se tratando de Páscoa e Natal a situação muda, pois são festividades “Cristãs”. Transformar a Páscoa na festa do coelhinho e Natal na festa do Papai Noel é o mesmo que ensinar que os bebês são entregues pela cegonha.

É pecado fazer máscara de coelhinho para os alunos? Não estamos na igreja, estamos falando de escola. Se o coelhinho e o Papai Noel fazem parte da tradição não há porque excluí-los das comemorações. A questão é: Os professores sabem por que essas figuras fazem parte dessas festividades? O que é Páscoa? O que é Halloween? O que é Carnaval? Trabalhar uma data em aula não é procurar uma imagem na internet, xerocar e distribuir entre os alunos para ser colorido (Xerox é uma marca, não é verbo, xerocar é um neologismo, pelo que eu sei ainda não aceito, portanto seu uso é errado, mas todo professor sabe o que é). Quando o professor se dispõe a trabalhar um tema deve estudá-lo previamente para que a aula não seja preenchida por atividades que não levam a conhecimento algum.

Páscoa é uma comemoração judaicocristã, podemos dizer que são duas festas. Para os cristãos a Páscoa representa a ressurreição de Jesus Cristo. Quando, de madrugada, três mulheres foram até a sepultura de Jesus para embalsamar o seu corpo e lá chegando encontraram a sepultura aberta (a enorme pedra que fechava a entrada tinha sido removida) e o corpo de Jesus havia sumido. Ao perguntarem para um homem, que elas julgavam ser o coveiro responsável, o que havia acontecido, reconheceram que era Jesus (vivo) então voltaram para a cidade e contaram aos discípulos, Lucas 24: 1 – 12. E isso tudo aconteceu num domingo de Páscoa.

Então Páscoa já existia? Sim. Os judeus comemoram a primeira Páscoa, que aconteceu no Egito. Depois de mandar 9 pragas para pressionar o faraó a libertar os hebreus (que foram escravos dos egípcios por 400 anos) Deus anunciou, através de Moisés, a 10ª praga, a morte dos primogênitos. Todos os primogênitos (filho mais velho) de todas as famílias e até dos animais seriam mortos naquela noite. A única maneira de evitar esse terrível mal era matar um cordeiro e passar o sangue dele na porta da casa. Quem fez isso sobreviveu, mas quem não o fez perdeu seu filho mais velho, como aconteceu com o faraó. Desgostoso, o faraó deixou o povo hebreu sair, mas assim que o povo saiu, ele reuniu seu exército e os perseguiu até que os encurralou na praia do mar vermelho, Êxodo 12 (o capítulo inteiro). Um filme muito bom para contar sobre o êxodo é “O príncipe do Egito”, da DreamWorks é desenho e muito bem feito.

Quando se trabalha um tema religioso na escola a intenção não pode ser a de converter os alunos, mas fazê-los conhecer a história que originou a festa e o feriado. Há alunos que não concordam com a história ou não acreditam que foi assim que aconteceu. Não discuta. Cada um tem o direito de crer ou não. Deixe que cada um fale e respeite a opinião de todos.

Quanto ao coelhinho e os ovos. Uns dizem que é por causa do aumento do povo hebreu, que a Bíblia narra como sendo o motivo principal da transformação do povo hebreu de imigrante em escravos. O site WWW.suapesquisa.com traz a seguinte informação:

"A figura do coelho está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.

Mas o que a reprodução tem a ver com os significados religiosos da Páscoa? Tanto no significado judeu quanto no cristão, esta data relaciona-se com a esperança de uma vida nova. Já os ovos de Páscoa (de chocolate, enfeites, jóias), também estão neste contexto da fertilidade e da vida.
A figura do coelho da Páscoa foi trazido para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e início do XVIII."

sexta-feira, 30 de março de 2012

Jacob do Bandolim - Odeon (1952)

Choro na Escola


Choro é um gênero musical brasileiro que impressiona pelo virtuosismo dos instrumentistas que o executam, acrescentando floreios de improviso à composição original. Os músicos que compõem ou tocam choro são chamados de “chorões”.

Alguns instrumentos típicos do choro brasileiro: Violão de 7 cordas; violão; bandolim; flauta; cavaquinho; pandeiro .

Existem controvérsias sobre a origem do nome, escolhemos a versão de Câmara Cascudo, que afirma que o termo pode também derivar de "xolo", um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas, expressão que, por confusão com a parônima portuguesa, passou a ser conhecida como "xoro" e finalmente, na cidade, a expressão começou a ser grafada com "ch".

Depois de já estabelecido o nome choro, o gênero foi apelidado de ‘’chorinho’’, entretanto, muitos chorões e apreciadores do gênero não gostam dessa denominação.

O flautista e compositor Joaquim Calado foi quem, pela primeira vez, grafou a palavra “choro” no local destinado ao gênero na partitura de ‘’Flor Amorosa’’, polca de sua autoria. (Polca é um estilo de música e dança que surgiu na região da Boêmia, Império Austríaco, no século XIX).

Tido como a primeira música popular urbana típica do Brasil, o choro nasceu no Rio de Janeiro em meados do século XIX . Até hoje é muito executado tanto por grupos tradicionais, como as rodas de choro e regionais, quanto por músicos de outras origens.

Alguns dos chorões mais conhecidos são Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Jacó do Bandolim, Waldir Azevedo, Zequinha de Abreu, Pixinguinha e Altamiro Carrilho, o único ainda vivo. Alguns dos choros mais famosos são: "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu; "Brasileirinho", de Waldir Azevedo; "Noites Cariocas", de Jacob do Bandolim; "Carinhoso" e "Lamento" de Pixinguinha ; "Odeon", de Ernesto Nazareth.

Chiquinha Gonzaga (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 28 de fevereiro de 1935) foi uma compositora, pianista e regente brasileira.

Foi a primeira chorona, primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca (Ô Abre Alas, 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.

Leve o choro para sua aula de música. No You Tube você encontra vários vídeos de choros como o da postagem acima.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Toda pergunta merece uma resposta


Durante uma aula de música (não me perguntem por quê) um aluno do 3º ano (antiga 2ª série) me perguntou: - Prô. A senhora fez sexo com o seu marido para ter seus filhos?
Só depois do término da aula eu parei para pensar na reação da minha professora de 2ª série se, em 1970, eu tivesse feito uma pergunta dessas. Pensei na minha mãe sendo chamada na diretoria. Nos cascudos que eu levaria no caminho de volta para casa. Na reunião familiar depois do jantar e nas promessas de que eu nunca mais iria falar "nomes feios". De repente parei e tentei recordar como foi que eu descobri como se faz nenê. Acho que fui abdusida por alienígenas que durante uma viagem intergalática implantaram um chip no meu cérebro com todas as informações. Porque quando eu me casei, aos 20 anos, eu já sabia, mas não me lembro de ninguém me explicando absolutamente nada. Já vou fazer 50 e até agora não me chamaram para explicar de onde vêm os bebês.
Estamos no ano 2012 e sexo ainda é tabú. Estamos frente a uma verdadeira guerra por causa da "Cartilha". Até que faz sentido a proibição do uso da Cartilha nas escolas. Como explicar o que é homossexualidade se ainda não explicaram o que é sexo? A escola ensina o que é Densidade Demográfica, mas não diz como acontece a reprodução humana. Temos vergonha do nosso próprio corpo e medo de admitir que não nos conhecemos o suficiente para explicar como funcionamos. Mas independente das explicações, e até por falta delas, os bebês nascem. Eles vêm de toda parte, das mais variadas condições sócioeconômicas e culturais. Eles vêm. Lotam as salas de aula e ali permanecem por 5 ou 9 anos e acabam saindo com as mesmas dúvidas que trouxeram ao chegar porque não há tempo para parar e perguntar: O que você quer saber?
Eu me virei e respondi: É claro, meu querido! Todos os bebês são feitos através do ato sexual. Existem exceções, mas isso só acontece se a mulher ou o homem não estiver em condições de se reproduzir pelas vias normais. Então precisam recorrer ao laboratório. Que não foi o meu caso. A música parou e nos voltamos para a curiosidade que não era só dele.
A ideia de que sexo é uma coisa suja e pecaminosa tem deixado um espaço vazio na educação de nossas crianças que será preenchido mais tarde por revistas e filmes. E aprender errado é muito pior do que não aprender.
É preciso entender, antes de tentar explicar, que sexo é uma criação divina. Deus nos criou e nos abençoou como seres sexuados. A prática do sexo é saudável e natural principalmente entre duas pessoas que se amam e se respeitam. E mãe não é Santa, é mulher. Respeitável mulher sexuada.
Se você tem dificuldade de trabalhar o assunto com seus filhos e alunos, um livro muito bom é "De onde viemos", da editora Nobel (foto), e um vídeo muito bom é "A origem dos bebês segundo Kiki Cavalcante", com André Abujanra e Marisa Orth, divertidíssimo.
Se você quiser saber mais entre em contato com Educador Carlos pelo e.mail karlvalentvaltingo@yahoo.com.br.

Filme para sala de aula

Happy Feet (Pés Felizes) Filme musical de animação por computador lançado pela Warner Bros em 2006, conta a história de um pinguin "diferente". Enquanto todos os outros pinguins da colônia preparam o canto de acasalamento, Mumble, dança. Considerado como uma aberração, Mumble é rejeitado pelos líderes da colônia, inclusive seu pai. O filme é excelente para ser apresentado em escola porque aborda temas como: segregação, rejeição paterna, proselitismo religiosos, exploração da fé, luta pela sobrevivência e preservação da espécie, conflito de gerações, impacto ambiental além de música, dança, geografia antártica e biologia marinha. Seus alunos vão amar e vocês terão muito o que debater