Culinária, artesanato, arte-educação, turismo História e histórias. Sugestões, depoimentos, desabafos, ideias, dicas e textos acadêmicos.

segunda-feira, 25 de junho de 2012
sexta-feira, 15 de junho de 2012
O SONHO DE LEONARDO
Leonardo (1452 – 1519) era filho de Piero di
Antonio, um notário de Vinci, cidade da região da Toscana, Itália. Catarina,
sua mãe, era uma camponesa com quem seu pai não era casado. No ano em que Leonardo nasceu
seu pai se casou com Albiera di Giovanni Amadori, uma moça muitos anos mais
nova que ele. Mas a jovem esposa de Piero não lhe deu filhos e, aos cinco anos,
Leonardo foi separado de sua mãe e levado para viver com o pai e a madrasta,
que o amou muito. Leonardo cresceu conhecendo e amando as duas mães.
Leonardo escreveu que quando jovem teve um sonho
no qual um abutre tocava seus lábios com a cauda. Esse sonho o perturbava muito
e ele se achava predestinado a estudar os pássaros por causa disso. Em 1910
Freud publicou “Un Souvenir d’enfance de Léonard da Vinci” Recordação de um sonho de Leonardo da Vinci, um
estudo baseado no sonho descrito por Leonardo.
Em 1469 o pai de Leonardo o mandou para Florença para ser aprendiz de pintura no ateliê do célebre pintor Verrocchio (1436 – 1488). Em pouco tempo Leonardo superou seu mestre, causando certo ressentimento por parte de Verrocchio.
Entre 1508 e 1513 Leonardo estava em Milão e
trabalhou num painel de óleo sobre madeira, que não chegou a terminar. A
pintura recebeu o nome de “A Virgem e o menino com a Sant’Anna”. Na pintura
Leonardo retrata Maria sentada nos joelhos de Santa Ana, sua mãe, enquanto o
menino Jesus brinca com um cordeirinho. O tema é religioso e em nenhum momento
Leonardo se perde. A perna direita do menino se transforma na perna do cordeiro
para nos lembrar que ele, o menino, é o cordeiro como afirmou João Batista. A
árvore ao fundo lembra um monstro. Talvez como uma referência ao sofrimento que
estava reservado para aquela família. Mas Leonardo vai além.
O entrelaçamento que há entre as duas mulheres
sugere que as duas são uma só. O braço direito de Maria poderia ser de Santa
Ana assim como as pernas de Santa Ana poderiam ser de Maria. Santa Ana olha com
carinho para Maria, mas não a envolve com os braços. Maria tenta puxar o menino,
como fez Albiera quando tomou Leonardo para si. O menino sorri e a olha com
carinho. Seu olhar atinge as duas mulheres como se Maria fosse transparente.
O colo de Maria está coberto por um manto azul.
Se virarmos a pintura de cabeça para baixo veremos no manto a figura de um
abutre. O abutre, na mitologia egípcia, representa a deusa Mut, símbolo da maternidade.
Nos hieróglifos egípcios o termo “Mãe” é representado pelo abutre. Existe uma
associação entre a deusa Mut e o termo em latim Mater , Mítera em
grego e em outras línguas do norte europeu como no alemão Mutter (mãe). O
abutre formado pelo manto da virgem toca a boca do menino com sua cauda, tal como
no sonho de Leonardo. Entre os pés de Santa Ana há vários seixos. Um deles
lembra um feto, talvez uma referência aos abortos sofridos por Albiera, o que
provocou a separação de Leonardo de sua verdadeira mãe.
A Sant’Anna, como ficou conhecido, é o último
quadro pintado por Leonardo Da Vinci. Não se sabe quem o encomendou, mas
esboços foram encontrados mostrando que desde 1501, Leonardo vinha pensando no
tema. Recentemente a equipe de restauradores do Museu do Louvre trabalhou na
restauração do quadro e desde então vem sofrendo críticas, acusada de ter
alterado a tonalidade das cores e o brilho da pintura. A Sant’Anna está exposta
no salão abaixo da Pirâmide de Vidro, e pode ser vista por qualquer mortal que
tenha 11 euros no bolso e, obviamente, esteja em Paris.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
ARTE
EGÍPCIA
A arte
do antigo Egito servia a fins políticos e religiosos. Sendo o Faraó a união dos
dois poderes ele é a figura central das representações artísticas daquele
período. O Faraó era considerado um Deus na Terra. O Faraó aparece em cenas de
batalha para mostrar seu lado humano heróico e em contato com diversos deuses
da mitologia egípcia para mostrar sua divindade. Os egípcios tinham grande
preocupação com a vida após a morte e o Faraó era uma figura que representava
uma ponte entre a vida terrena e a vida eterna.
Como um deus o faraó era um ser imortal e todos
seus familiares e altos representantes da sociedade tinham
o privilégio de poder também ter acesso à outra vida. Por isso, os túmulos são
os marcos mais representativos da arte egípcia, lá eram depositados as múmias que posteriormente receberiam o ka
(alma) para voltar a viver e todos os bens físicos do cotidiano que lhes
eram necessários à existência após a morte, inclusive comida.
Além do Faraó e outros deuses a arte egípcia representava
cenas do cotidiano onde a hierarquia é caracterizada pela diferença no tamanho
das figuras. Cargos mais importantes, figuras maiores. Cargos inferiores,
figuras menores. Assim,
o Faraó será sempre a maior figura numa representação e a que possui estátuas e
espaços arquitetônicos
monumentais.
Reforça-se assim o sentido simbólico, em que não é a noção de perspectiva (dos
diferentes níveis de profundidade física), mas o poder e a importância que
determinam a dimensão.
As cores
A arte egípcia, à semelhança da arte grega, apreciava muito
as cores. As estátuas, o interior dos templos e dos túmulos eram profusamente
coloridos. Porém, a passagem do tempo fez com que se perdessem as cores
originais que cobriam as superfícies dos objetos e das estruturas.
As cores não cumpriam apenas a sua função primária
decorativa, mas encontravam-se carregadas de simbolismo, que se descreve de
seguida:
§
Preto: Estava associado à noite e à morte, mas também poderia
representar a fertilidade e a regeneração. Na arte o preto era utilizado nas
sobrancelhas, perucas, olhos e bocas.
§
Branco: A cor da pureza e da verdade. Como
tal era utilizado artisticamente nas vestes dos sacerdotes e nos objetos
rituais. As casas, as flores e os templos eram também pintados a branco.
§
Vermelho : Por um lado representava a energia, o
poder e a sexualidade, por outro lado estava associado ao maléfico deus Set,
cujos olhos e cabelo eram pintados a vermelho, bem como ao deserto, local que
os Egípcios evitavam. Era em vermelho que se pintava a pele dos homens.
§
Amarelo : Dado que o sol e o ouro eram amarelos, os Egípcios
associaram esta cor à eternidade. As estátuas dos deuses eram feitas a ouro,
assim como os objetos funerários do faraó, como as máscaras.
§
Verde : Simboliza a regeneração e a vida; a pele do deus Osíris poderia ser também pintada a verde.
Embora seja uma arte estilizada é também uma arte de atenção
ao pormenor, de detalhe realista,
que tenta apresentar o aspecto mais revelador de determinada entidade, embora
com restritos ângulos de visão.
O corpo humano,
especialmente o de figuras importantes, é representado utilizando dois pontos
de vista, os que oferecem maior informação e favorecem a dignidade da
personagem: os olhos, ombros e peito representam-se vistos de frente; a cabeça e as pernas representam-se vistos de lado. Essa maneira de representar a figura humana é denominada "Lei da Frontalidade".
Os artistas egípcios não assinavam suas criações e por isso
permaneceram anônimos. Uma razão para isso é que os trabalhos não eram
individuais, mas executados em grupo, em oficinas coletivas, onde trabalhavam
diferentes mestres: escultores, pintores, carpinteiros e mesmo embalsamadores.
Nestes locais trabalhava-se em série e os trabalhos saiam em série.
O artista egípcio era visto como um indivíduo com uma tarefa
divina importante. Mesmo que sendo apenas um “executor” de tarefas, o artista
precisava ter um contato com o mundo divino para poder receber a sua força
criadora. Sem isso não seria possível tornar visível o conteúdo espiritual
da obra de arte. O próprio termo para designar este executor, s-ankh, significa “aquele que dá vida”. O artista egípcio, mesmo anônimo, era respeitado
como aquele que tornava possível ver o invisível, aquele que materializava o
espiritual.
O único artista, se assim o podemos chamar, de quem se conhece o nome é Imhotep, o
arquiteto/médico/sumo-sacerdote/embalsamador idealizador das Pirâmides, que
pelo seu feito recebeu honrarias e foi elevado à categoria de deus.
O desenvolvimento da
escrita veio seguido pela produção de uma rica produção literária capaz de
abranger desde os temas cotidianos, indo até a explicação de mitos e rituais
sagrados. Entre os livros de natureza religiosa e moral, destacamos o “Livro
dos Mortos” e o “Texto das Pirâmides”, respectivamente. Em paralelo, também
havia produções textuais mais leves e jocosas, como no caso do livro “A sátira
das profissões”, escrito que critica os incômodos existentes em cada tipo de
trabalho.
Para a manutenção de um vasto império como foi o Egito, a escrita acabou sendo tarefa exclusiva de uma privilegiada parcela da população. Os escribas eram os únicos que dominavam a leitura e a escrita dos hieróglifos. Sua formação acontecia em uma escola palaciana onde os mais bem preparados obtinham cargos de fundamental importância para o Estado. Entre outras funções, um escriba poderia contabilizar os impostos, contar os servos do reino, fiscalizar as ações públicas e avaliar o valor das propriedades.
Em troca dos serviços prestados, um escriba recebia diferentes tipos de compensação material. É importante lembrar que o dinheiro ainda não havia sido inventado naquela época e, com isso, o trabalho de um escriba acabava sendo pago por meio de vários alimentos, como frutas, pão, trigo, carne, gordura, sal ou a prestação de um outro serviçoem troca. Formando
uma classe intermediária, os escribas tinham posição de destaque junto ao
Estado e o restante da sociedade.
Para a manutenção de um vasto império como foi o Egito, a escrita acabou sendo tarefa exclusiva de uma privilegiada parcela da população. Os escribas eram os únicos que dominavam a leitura e a escrita dos hieróglifos. Sua formação acontecia em uma escola palaciana onde os mais bem preparados obtinham cargos de fundamental importância para o Estado. Entre outras funções, um escriba poderia contabilizar os impostos, contar os servos do reino, fiscalizar as ações públicas e avaliar o valor das propriedades.
Em troca dos serviços prestados, um escriba recebia diferentes tipos de compensação material. É importante lembrar que o dinheiro ainda não havia sido inventado naquela época e, com isso, o trabalho de um escriba acabava sendo pago por meio de vários alimentos, como frutas, pão, trigo, carne, gordura, sal ou a prestação de um outro serviço
Quando Napoleão
invadiu o Egito levou vários objetos para a França, entre eles uma lápide que
ficou conhecida como “Pedra de Roseta” (por ter sido encontrada em Roseta). Na
Pedra de Roseta foram encontradas
inscrições em grego, hieroglífico e demótico. Somente em 1821, graças aos
esforços do jovem pesquisador Jean François Champollion, a palavra “Ptolomeu”
foi por ele traduzida desse documento escrito. A partir daquela pequena
descoberta, foi possível realizar a leitura de uma variedade de outros
documentos que explicam importantes traços desta civilização.
Escrita: extraído do artigo de Rainer Sousa,
Graduado em História, equipe Brasil Escola
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